[Stanathan] Kiss and Don't Tell - Cap.1

Kiss and Don’t Tell

Autora: Karen Jobim

Classificação: PG-13/NC-17

Gênero: AU/Real shipper

Advertências: Sex/Romance – a volta das gravações da S6

Capítulos: 1 de ?

Completa: [   ] Sim [X ] Não

Resumo: As gravações da nova temporada de Castle começam hoje e a volta ao trabalho de algumas pessoas será um pouco diferente do que costumavam fazer. Algumas resoluções foram tomadas e o resultado ainda era desconhecido. O que essa nova etapa de trabalho traria para os nossos atores favoritos?

Nota da autora: Diante de muitos sinais no twitter de Nathan e Stana, várias teorias foram desenvolvidas pelos fans Stanathans mais fervorosos. Até aqueles que não shippam se deixaram duvidar. Essa é uma história imaginada desses momentos. Vamos aonde a imaginação levar certo? Isso é uma obra de ficção portanto qualquer que seja a relação entre os dois, temos que respeita-los (disclaimer, ok). Além disso, é extremamente difícil escrever sobre os dois, acreditem! Portanto, sejam boazinhas nos comentários. Não sei quantos capítulos terão essa fic, não devem ser muitos. Vamos devagar. Ah, mais um detalhe: como sou spoilerfree peguei alguns comentários que apareceram na minha TL e os transformei em parte da história. Sei que em algum ponto a cronologia estará errada mas o que importa é a diversão. Enjoy!

Kiss and Don’t Tell

Raleigh Studios

Nathan Fillion chegou ao trabalho com um novo humor. Sorridente e mais magro, ele saiu cumprimentando a todos os colegas de trabalho. Câmeras, figurinistas, escritores. Hoje era o primeiro dia mas não iriam filmar. Tratava-se de discutir e entender o episódio que filmariam provavelmente depois de amanhã. Também era uma oportunidade de poder colocar a primeira parte de seu plano em prática. Sim, durante o hiatus ele aproveitara para fazer algumas reflexões. Não escolheu se acabar pelo mundo seja viajando ou em festas cheia de pompas. Preferiu voltar ao seu país, passar um tempo curtindo o Canadá e participar de convenções sci-fi por lá mesmo. Quando queria se divertir, ele reunia os amigos em churrascos ou restaurantes. Nathan acabara descobrindo que não tinha mais pique para noitadas porém precisava ter um tempo livre para aproveitar a vida, ter outros projetos e além disso, ele se viu pensando que precisava de alguém.  

O mais interessante foi que a tal descoberta não somente o fez pensar em coisas novas mas era algo ainda difícil de explicar. No início do hiatus achou ser apenas influência do trabalho, as últimas semanas foram extremamente puxadas e culpava o que estava sentindo ser reflexo de seu personagem. Com o passar dos dias, porém ele se pegou pensando nela. Não apenas por uma lembrança dos dias frenéticos do final de abril mas sim porque sentia falta dela, de tê-la ao seu lado. A proximidade de seus personagens acabou fazendo com que eles também se aproximassem. Durante um tempo, buscava noticias dela como quem não quer nada, olhando as redes sociais não como uma espécie de perseguidor mas porque queria saber se ela estava bem. Quando viu as fotos do evento que ela participou, o Billbord Awards quase enfartou. Aquele macacão branco e o decote estavam incríveis. O cabelo fora cortado e dera um novo destaque ao colo e ao rosto dela. Mas, ele não parou de suspirar por ela aí. Na premiere de The Lone Ranger com as pernas de fora e mais um decote. Ele achava que nunca a tinha visto com uma saia tão curta. Seu maior problema diante disso tudo era o fato de serem pessoas públicas porque todos estavam prontos para aborda-los e ele sabia que isso era ruim. Um passo por vez, ele lembrou a si mesmo. Havia muito para acontecer antes disso, estava convencido do que precisava fazer. Ele iria conquistar Stana Katic, definitivamente.

Soava estranho e até pretensioso vindo dele. Não se tratava de um prêmio, uma pegação. Era sentimento. Nathan passara o hiatus lembrando de coisas que ela dissera ou da risada gostosa ou mesmo das besteiras nos bastidores do set. Por mais que saísse com os amigos, se divertisse em momentos ótimos com seus fãs nerds, ela sempre voltava em sua mente. Especialmente à noite quando já estava quieto em casa. Não bastava passar cerca de doze, quatorze horas no set com ela, ainda tinham cenas íntimas de beijos.

Não fora tão simples tomar essa decisão, havia muitas coisas em jogo, muito a perder ou ganhar. Ele passou um bom tempo remoendo tudo sozinho mas as pessoas ao seu redor começaram a reparar. Ele estava aéreo e sensível. Finalmente, ele decidiu que precisava se abrir com alguém, não com qualquer pessoa devido ao assunto delicado e foi quando ele lembrou de Trucco. Michael além de um bom amigo,conhecia Stana. Era alguém que podia opinar sobre a sua dúvida. Lembrava claramente das palavras de Michael “Nate, é óbvio que vocês tem uma ligação própria,não por causa de seus personagens ou do trabalho, é algo que foi despertado no primeiro contato. Qualquer um naquele set pode ver como você implica com ela, brincam e apesar dela impor a distância, posso acrescentar que apenas por segurança, para não se deixar envolver. Ela é uma pessoa reservada, sem exageros mas tem seu lado sexy e provocante de ser. Talvez, a dinâmica tenha mudado com o tempo, mas você não é a mesma pessoa e certamente ela também mudou. Se acredita que pode investir, tem certeza que não é só um jogo. Vá em frente. Eu certamente ficaria muito feliz pelos dois.” E foi justamente após conversar com o amigo que Nathan se sentiu mais confiante em seguir adiante com a sua ideia. 

Seus pensamentos foram interrompidos por batidas na porta de seu camarim. Era seu amigo e câmera, Andrew.

- Nathan? Desculpe mas o chefe está perguntando por você, a reunião já vai começar.

- Obrigada, Andrew. Você sabe dizer se todos já chegaram?

- Sim, Seamus foi o último. Estão todos no Studio 3, na sala de reunião. Nathan já havia se levantado.

Ele caminhou até a sala indicada. Ouviu o murmurinho de vozes conversando animadamente. Ela distinguira a risada dela. suspirou. Tinha que se lembrar que nada mudara, ele era Nathan, o companheiro de cena, o amigo. Eles não eram Castle e Beckett, pelo menos não ainda. Ele colocou o sorriso no rosto e entrou na sala.

- Olá!

- Olha que resolveu aparecer... – Jon provocou – se divertiu nas suas férias senhor Fillion?

- Sim, foi um descanso bem interessante. Mas acho que foi melhor para alguns não? Veja o Seamus, passeou as férias inteiras. Olha o jeito do chefe, relaxado. Penny, ah sempre com a família. E a Stana mudou até o cabelo! – ele engoliu em seco, ela estava sorrindo e ainda mais bonita que nas fotos que vira, precisava se controlar - Acho que a parada fez bem a todos não? Espere onde estão as outras?

- De folga. Viram apenas amanhã – disse Terri – hoje queríamos conversar com vocês sobre a nova dinâmica da série nessa temporada. Podemos começar? Muito bem, nosso primeiro episódio vai ser um pouco diferente das outras premiere’s tem muita coisa acontecendo, primeiro vamos falar de ...

E a reunião tornou-se profissional. É claro que com uma equipe dessa as piadinhas eram inevitáveis. Terri e Andrew dissertaram sobre os vários temas que seriam abordados no primeiro episódio, estavam na sala por mais de duas horas quando parecia que as explicações terminaram. Quando Andrew perguntou se tinham alguma pergunta, Seamus fora o primeiro.

- Quando realmente começamos a filmar? Ainda não recebemos os scripts.

- Receberão seus textos até o fim do dia e depois de amanhã vocês começam a gravar. Temos apenas que fazer alguns ajustes sobre cenários e figurinos. Pelo visto, precisaremos de ajustes em algumas roupas não? Uns para mais, outros para menos.

- Você e Terri falaram, falaram mas não disseram nada sobre o cliffhanger da temporada,afinal essa não será a primeira cena entre eu e Nathan? – Stana perguntou.

- Claro que estava esperando essa pergunta. Você me deve cinco dólares, Terri. Bem, a razão porque não falamos sobre isso é porque teremos um momento específico para essa conversa. Afinal nossa Kate Beckett está mudada. Precisamos de um mega hair antes de você atuar, Stana.

- Você sabe bem o que ela quer saber... eu também estou curioso por essa cena – disse Nathan olhando para ela e piscando. Viu um sorrisinho no canto dos lábios.

- E precisamos decorar o texto, ensaiar.

- Sei, sei. Não enrole que você quer saber é a resposta de Kate. Você é mesmo uma fangirl, Stana – ao ouvir as palavras de Terri, ela ficou vermelha. Droga! Porque as pessoas a conheciam tão bem? – tudo a seu tempo, agora precisamos fechar algumas coisas com Luke. Aproveitem para tomar um café, conversarem. Já chamaremos vocês.

Eles saíram da sala e se dirigiram a cantina para pegar café. Enquanto caminhavam, permaneciam calados como se esperassem um tomar a iniciativa da conversa com o outro. Era um daqueles momentos estranhos. Nathan foi quem primeiro falou.

- Você ficou em Los Angeles dessa vez? Nenhuma viagem ao outro lado do mundo?

- Não, acabei ficando com a agenda cheia por aqui e decidi me dedicar a outras coisas da carreira. Você parece ter aproveitado bastante. Parece relaxado.

- Sim, fui pro Canadá mas me divertir nas convenções nerds, revi a família, minha cidade – ele já preparava café para ela e ao entregar revelou – gostei muito do novo visual. Realçou bastante o seu rosto.

- Obrigada – ela tentava disfarçar a reação de embaraço diante do elogio – o que você acha que Marlowe está aprontando? Pareceu tão misterioso quando eu perguntei sobre a continuação da finale.

- Ora, Stana. Não deve ser nada demais. Acho que ele apenas está provocando você. Gostei muito de saber da dinâmica desse episódio, suspense, ação. Ah, sabe porque ele está atrasando essa resposta? Aposto que quer poupar sua concentração para as outras cenas. Deve deixar a primeira cena pro final. Ou você esqueceu sua reação na finale? – ele sorriu e viu que ela ficara envergonhada, mordia o lábio.

- Não, como poderia? – ela tapou o rosto com as mãos e voltou a olha-lo intrigada após o comentário dele.

- Eu, particularmente, achei adorável – e disfarçou sua ansiedade bebendo café. Nesse instante, Cindy uma das meninas da maquiagem e cabelo surge na porta. Aparentemente para salvar Stana que estava realmente intrigada com tudo aquilo.

- Stana, querem te ver lá na maquiagem. Eles querem ver como vão transformar você na Beckett da temporada passada. Pode vir comigo?

- Claro!

- Cindy, você sabe se Marlowe já está livre?

- Não, ainda está na sala com Luke. Ele e Terri.

- Vou para o meu camarim então. Se por acaso ele acabar antes de eu aparecer, você pode me avisar? Quero alguns minutos sozinho com ele. Assuntos pessoais – ele já percebera o olhar de Stana pra ele. De volta ao seu camarim, ele consultou o celular. Haviam alguns tweets de amigos mas ele não estava a fim de responder agora. Ao invés disso, ele relembrou quando foram conversar sobre a última cena de Watershed, o tal cliffhanger. Nem ele nem Stana tinham ideia do que iria acontecer no fim da temporada, ele chegou a pensar que ela iria a DC sem falar com ele,ou mesmo que iriam se separar. No fim, Marlowe surpreendeu aos dois.

Final das Gravações da S5

Era o último dia de gravações do episódio que encerraria a temporada. O ritmo estava intenso e Stana ainda tinha pelo menos três cenas para filmar. Nenhuma com Nathan. Porém, ela sabia que ainda tinha a cena final de Watershed que Marlowe insistia em não entregar o script para eles. Segundo ele, precisava da concentração de Stana para gravar a cena do interrogatório, o que ela fez com maestria.

Boa parte do dia se passara e uma certa ansiedade começava a tomar conta dela. se esse era o último dia de trabalho, como poderiam finalizar o episódio sem a tal cena? Ela checou inclusive a perguntar se Nathan sabia de algo que ela não sabia, mas estava no escuro também. Enquanto ela remoia pensamentos sob uma xícara de café, Nathan se aproximou e disse que eles estavam sendo chamados na sala para conversarem sobre a última cena.

- O que será que está acontecendo, Nathan? Marlowe não é louco de separar a gente,certo? – no instante que percebeu a cara de espanto de Nathan se corrigiu – quero dizer Castle e Beckett...

- Entendi o que você quis dizer, relaxa.

- Não entendo porque tanto mistério com isso – ele parou para fita-la.

- Sério que você não entende? Stana as vezes me pergunto se você não é mais fã do que qualquer fã de Castle – ela fechou a cara.

- Vou considerar isso um elogio para não me irritar com você.

- Mas foi um elogio, de verdade. Sua paixão é incrível – e Nathan percebeu que dessa vez fora ela quem se surpreendeu. A conversa foi interrompida por Terri que chamava pelos dois. Ao chegarem na sala, Terri fechou a porta. Eles sentaram-se de frente para os dois.

- Certo, foi uma longa jornada que vai ser finalizada com essa última cena entre Castle e Beckett. Agora que Stana já cumpriu todas as suas cenas podemos nos dedicar a essa. O que vocês vão filmar não pode em hipótese alguma vazar portanto se quiser surtar, gritar ou mesmo xingar e deixar suas opiniões que façam nessa sala. Tudo bem?

- Terri se você demorar mais um minuto para nos dar esse script, Stana vai ter uma síncope - ela arregalou os olhos, repreendendo o que ele falara mas era tarde demais, todos estavam gargalhando – tenho pena de vocês se ela não aprovar o que vai acontecer nessa cena ou melhor nesse cliffhanger.

- Nathan, você não está me ajudando. Vai me pagar por isso.

- Ok,ok parem vocês dois. É hora de trabalhar. A cena é externa. Um encontro à tarde nos balanços – ela olhou para Marlowe séria - assim que vocês lerem o texto quero que ensaiem ainda aqui em estúdio e depois poderão ensaiar no local – ele entregou os papéis da cena para os dois e observou as reações. Como todo script, ele dava indicação do estado de espírito das personagens, algo que consideravam dicas importantes de como deveriam representar a cena. O escritor percebeu algumas reações de linguagem corporal nos dois. Alguns franzidos de testas, morder de lábios, balançar de cabeças em afirmação e concordância mas nada o preparara para a forma como a atriz reagiu a parte principal da cena, a pergunta que todos esperavam ver desde quando eles se conheceram.

Stana arregalou os olhos, abriu a boca incrédula e virou-se para Nathan com um grito de surpresa.

- OMG! You are proposing! – Terri e Marlowe se entreolharam diante do que viam. Faziam o possível para não cair na gargalhada.

- Parece que sim. Está no texto – ele sorriu – joguei a bola para você, ou melhor pra Beckett.

- É Andrew, vai funcionar que é uma beleza. Acho que tomamos a decisão correta. A reação dos fãs será bem parecida com a de Stana.

- Como vocês podem fazer isso? Vão matar o fandom – disse Stana.

- Olha pra você, toda preocupada com os fãs, confessa que quer saber a resposta – Nathan implicou.

- A resposta só pode ser sim. Como você pode achar que ainda tem outra resposta? – ela já se preparava para discutir com ele mas Nathan conhecendo como ela podia usar vários argumentos para defender o casal com unhas e dentes, apenas sorriu e desconversou.

- Não disse nada. Mas é a Beckett. Vamos ensaiar? Leia o texto.

E eles passaram a cena pelo menos duas vezes treinando a reação das personagens. Depois cada um foi para um canto da sala e começou a decorar as falas. Quando sentiram-se satisfeitos, deixaram o estúdio com a equipe técnica e Rob. Outra equipe já arrumara todo o equipamento e ângulos necessários para a cena. Rob pessoalmente trabalhou com ela na atuação. Em seguida, ensaiaram a cena três vezes e partiram para a gravação. No primeiro take, ela errou uma das falas e desatou a rir lembrando de qual seria a frase final dele. Pediu desculpas e começaram novamente. Dessa vez, fora perfeito. Rob agradeceu aos dois e após alguns ajustes, ele sugeriu voltarem para o estúdio. Hora de abrir a champagne.

Naquela noite, eles voltaram ao estúdio e celebraram o final de mais uma maratona de trabalho, uma excelente temporada e o aniversário de Stana. Nathan fez questão de abrir a champagne para comemorar. Após o momento de descontração, aos poucos as pessoas foram se dispersando e despedindo-se dos que ficavam. Iriam para suas merecidas férias. Stana começava a juntar suas coisas quando Nathan se aproximou dela. Fora os dois apenas o grupo de escritores e Rob ainda estavam por ali discutindo o trabalho de edição.

- Já está de saída?

- Sim, um dia cansativo. Cheio de emoções. Estou feliz por mais essa jornada. Sensação de dever cumprido. Obrigada pelas risadas, por aturar meus erros e a mim durante altas horas da noite e desculpe qualquer coisa. Quando fico cansada chego a ficar mais irritada e acabo demonstrando. Não é nada pessoal.

- Hey, Stana... – ele tocou meio incerto o ombro dela – tudo bem. Você não me irrita. Concordo que foi um dia cheio mas ainda não acabou. Ainda falta dez minutos para a meia-noite então tecnicamente ainda é seu aniversário. Aqui – ele puxou uma caixa retangular relativamente pequena que escondia atrás de si  – isso é pra você. Feliz Aniversário, Canadian girl.

Ela segurou a caixinha sem saber o que pensar a principio. Nathan era conhecido por seus pequenos presentes a todos que trabalhavam com ele, sejam coisas excêntricas ou até mesmo nerdices. Outras vezes era algo que referenciava Castle. Ao abrir a caixa, ela encontrou um pequeno livro de poesias de Neruda. Nada do que ela realmente esperaria dele.

- Nathan... puxa, obrigada. Por um momento achei que você fosse algo canadense. Adorei.

- Está em espanhol mas você não terá problemas com isso, certo?

- Não – ela mordeu os lábios – nem sei o que dizer.

- Que tal um abraço? – ela sorriu e eles se abraçaram, não falaram mais nada e mesmo assim ambos sentiram algo diferente naquele contato, ele foi quem se distanciou primeiro – boas férias, Stana.

E sem olhar para trás, Nathan se foi.            

Os pensamentos de meses atrás foram interrompidos por uma mensagem de celular. Andrew já estava livre. Saiu de seu camarim para conversar com ele. Esperava que a conversa fosse realmente boa. Enquanto isso, Stana tinha finalmente se entendido com os cabeleireiros e acharam uma forma de aplicar o megahair nela para as primeiras cenas da season premiere. Somente agora ela ia para o seu camarim pela primeira vez. Antes pediu uma caneca de café a uma das meninas que a assessoravam no estúdio. Viu o prato de frutas que deixaram para ela e atacou umas uvas. Olhou-se no espelho e suspirou. Era bom estar de volta.

Ao virar a cadeira para ver alguns dos acessórios preferidos de Kate Beckett que deixaria de usar nessa temporada, encontrou um objeto que certamente não fazia parte do lugar. Era um alce de pelúcia segurando um cobertor que era a bandeira canadense. Tinha um cartão sobre ele.

“Welcome back, Canadian Girl. Let’s do this dance one more time. NF.”

Ela ficou olhando para o bilhete, queria poder dizer que aquilo não significava nada. No fundo, não sabia o que significava. Um sorriso discreto formou-se no canto da boca. O que será que acontecia com ele? Claro que ele sempre fazia alguns agrados a todos mas não era só isso. Ele estava diferente. Reparara que estava mais sorridente e mais magro. Tinha um ar mais leve. Não conseguia decifrar tudo. Estaria apaixonado? Apenas o pensamento já a incomodava.Stana pegou o alce nas mãos. Era lindinho. Deixou-o perto do espelho e guardou o cartão dele.    

Você pode não ter todas as respostas mas isso faz parte de um enigma, pensou. Levantou-se e deixou o camarim, já estava na hora de saber o que Andrew queria esconder dela. Porém, no meio do caminho encontrou Penny que acabou a prendendo em uma boa conversa.

Nathan estava na sala explicando a Marlowe o que queria acordar a partir de agora. Seu pedido embora simples afetava a todos inclusive os orçamentos de produção. Também, o produtor tinha que admitir era um pedido razoável que se fosse levado à sério, a ferro e fogo, muitos comprariam a ideia de Nathan. Sabia do poder que ele exercia sobre os demais desde o cast até toda a equipe técnica. Marlowe buscou uma outra abordagem para resolver o impasse, afinal tinham um show a filmar, trabalho a fazer. E como o próprio Nathan colocara, não filmaria nada sem chegar a um acordo.

- Nathan, sabemos que o que você nos pede é razoável. Acredito que muitos de nós gostaríamos de trabalhar menos tempo, diminuir horas nas madrugadas porém isso são pontos a serem discutidos antes de fecharmos nosso budget para começarmos a gravar a temporada. Entendo você querer mais tempo para fazer outros trabalhos, ou curtir a vida mas infelizmente não posso assumir nada disso com você. O que posso é trabalhar com a equipe de escritores e com o diretor de cada episodio para planejar ao máximo seus dias de gravações a fim de não serem tão longos. Sei que não era o que você gostaria mas é tudo que posso oferecer.

- Olha, Marlowe. Não é birra, não é que eu não queira trabalhar. Só apreciaria um pouco mais de tempo. Conheço você e sei que está fazendo seu melhor.

- Posso te fazer uma pergunta? – era Terri - O que aconteceu com você nesse hiatus? Está mais magro, com diferentes hábitos, há um brilho diferente em você. Eu diria que está apaixonado, acertei?

- Terri, não estou diferente. É verdade que andei pensando muito nesse período em que estive afastado. Na vida, no quanto nos deixamos influenciar por exageros seja no trabalho ou na vida pessoal. Por favor, isso não significa que estou apaixonado.

- Você pode negar com palavras mas atos e o corpo falam por si só – ela alfinetou e Nathan caiu no truque prendendo a respiração por segundos.

- Tudo bem, eu vou aceitar sua proposta Marlowe. De qualquer forma, obrigado por considerar.

- Ótimo, agradeço pela sua compreensão e prometo que vou tentar não sobrecarrega-los especialmente você e Stana. Por falar nela, pode chama-la para conversarmos. Imagino que ela esteja indócil esperando para saber da cena de continuação do cliffhanger.

- Você não imagina o quanto – Nathan riu.

- Então, vamos surpreende-la.

Menos de cinco minutos, Stana aparecera na sala. Já entrara cobrando e pra variar com uma caneca de café e umas uvas em um potinho.

- Já não era sem tempo, são quase quatro da tarde e não vi sinal nenhum de script. Não que eu esteja reclamando da produção – ela rapidamente se corrigiu ao ver a cara de Terri – não, por favor, eu quero muito trabalhar, ter textos a decorar e como não vejo nada sobre a primeira gravação, estou...

- Elétrica. Quantas canecas de café você já tomou hoje? Deixa, não é importante. Meu Deus! O que aconteceu com vocês nesse hiatus? Especialmente vocês dois? Sente-se Srta Katic, vamos explicar o que está acontecendo e como será o cronograma de filmagens. Você será uma das pessoas mais exigidas nesse episódio. Não apenas em performance dramática e artística como também fisicamente. Apresento a você o seu script de Valkyrie. Leiam com atenção e me pergunte suas dúvidas.

Stana pegou o texto ávida para saber porque Marlowe fizera tanto mistério sobre esse script. Terri e Andrew se olhavam, também entregaram o mesmo material a Nathan que parecia ter sido mais rápido que ela. Ele ergueu a cabeça e olhou para os dois.

- Não, vocês não fizeram isso. É uma brincadeira? – ele percebeu pelo semblante deles que não – ah! Esse é o script original.

- Cala a boca, Nathan. Você está me atrapalhando. Eu quero saber... – ela parou de falar e ficou boquiaberta – vocês... vocês usaram minha frase? Como assim? Isso foi...

- Perfeito – eles fizeram um high-five na frente dela – vai ficar melhor ainda filmado.

- Terri, isso não se faz!

- Como não? Será perfeito e você vai tornar realidade com uma ótima atuação. Não sei se reparou que tem uma sequência de reações que somente você poderia interpretar corretamente.

- Eu te disse que era de Beckett que estávamos falando mas confesso que também fiquei chocado. Esperava que ela não ficasse tão surpresa e até duvidasse de Castle a essa altura.

- Pessoal, vocês estão se atendo a uma frase. Leiam o resto. Quer saber? Vão pra casa. Vocês precisam digerir tudo isso e decorar suas falas. Começamos com as filmagens amanhã mas vocês só filmarão a tarde é o tempo que damos um jeito no visual da Stana e usamos a mesma luz da cena anterior para sequência nos balanços. Encare os fatos, você é uma shipper e sua reação será a de milhares de fãs.

- Terri, eu adorei o que vocês escreveram mas estou surpresa, não esperava. Achei que ia ver uma conclusão simples ou mesmo uma dramática afinal é de Beckett que estamos falando. Por outro lado, ela ama o Castle.

- Exato! Viu como depois do impacto fica tudo mais simples? – disse Andrew – Sumam daqui. Vejo vocês amanhã.

Eles deixaram a sala, Stana ainda olhava para o texto meio zonza. Sim, ela adorara o que fizeram mas ver sua própria reação registrada em um script de um episódio era estranho. E essa era apenas uma das várias surpresas que o novo capitulo na vida de Castle e Beckett reservava aos telespectadores.

- Nathan, eu sou tão transparente assim? Quer dizer, parece que eles já sabiam minha reação ou estavam me testando como fizeram no fim da outra temporada. Ok, nunca escondi que queria ver nossas personagens juntas, disse em entrevistas mas isso é suficiente para esses dois assumirem tudo isso?

- Quando se trata de Caskett, você é a melhor referência deles. Sim, pelo menos nesse assunto você é bem transparente. Em outros, nem tanto.

- Você já sabia disso? – ela tinha a resposta mas queria perguntar.

- Você sabe que não. Confessa, você gostou.

- Gostei mas é que eu queria algo mais... – ela tinha um sorriso maroto no rosto e de repente se tocou que não devia comentar o que queria com ele porque de certa forma, o envolvia também – tudo bem, gostei mesmo. Bem, vamos embora. Amanhã tenho que estar preparada para essa gravação, esse episódio exigirá muito de mim. Te vejo amanhã?

- Espere, você está de carro?

- Não, vim de metrô.

- Pegue suas coisas, te dou uma carona – no primeiro momento, ele percebeu que ela reagira a estranheza do gesto mas logo em seguida pareceu levar numa boa.

- Não precisa mesmo, Nathan.

- Vai recusar uma carona sabendo que está um sol escaldante lá fora e você está doida pra chegar em casa e devorar esse script? Ah, vamos lá... vou te esperar na saída para o estacionamento – assim que ela deu as costas para ele, um sorriso de satisfação surgiu no rosto. Foi até seu camarim e pegou suas coisas. Ele estava esperando-a por cinco minutos quando ela apareceu segurando a bolsa e com o texto ainda nas mãos.

Eles caminharam pelo estacionamento até onde estava a BMW de Nathan. Ele estranhou que ela não mencionara nada sobre o que ele deixara em seu camarim porém decidiu que não perguntaria, ela falaria se achasse que devia. Assim que entraram no carro, ele ligou o som vinculado a playlist de seu iphone. No modo shuffle, uma canção do Coldplay começou a tocar. Viva la vida. Ela aprovou.

A conversa que se seguia dentro do carro era sobre amenidades, falaram do clima, ele reclamou do trânsito e de motoristas sem noção até chegarem no assunto férias novamente. Nathan estava em dúvida se devia mencionar o premio que ela apresentou da Billboard ou mesmo a premiere dos filmes que participou. Melhor não, poderia parecer indiscreto. Então resolveu falar de suas férias mas com um assunto comum aos dois.

- Estive com Michael Trucco umas quatro vezes nesse período. Sempre que nos encontrávamos ele me perguntava de você. Queria saber como você estava, seus projetos e vive falando de quando vivia o Demming.

- Adoro Michael. Ele encerrou a participação dele na outra série da ABC não? Gostei muito de trabalhar com ele, ah mas você já sabe disso. E como vai Sandra? Eles são um amor só.

- Os dois são pessoas incríveis. Não me importaria de trabalhar com o “Demming” na série de novo. Ainda mais agora que ele não representa uma ameaça para Castle. Ia ser engraçado ver Castle se exibindo para ele não acha?

- Ah sim, posso imaginar o tipo de diálogo machista – ela revirou os olhos – como se Beckett fosse uma posse sua.

- Hey... – ele tocou a coxa dela, num gesto involuntário e tão natural que apenas percebeu quando ela o olhou surpresa – desculpe, e não foi isso que quis dizer. Você sabe, ele só contaria algumas vantagens – ele tentou continuar a ideia mas também ficara envergonhado diante da situação que provocara sem querer.

- Eu já entendi, Nathan. Também acharia muito bom tê-lo de volta ao set de filmagem. Podemos dar a ideia aos escritores.

- Pronto – parou o carro – chegamos.

- Obrigada pela carona. Ah! E eu adorei o alce. Uma gracinha mesmo – ela se inclinou e beijou o rosto dele – te vejo amanhã para começarmos a dança novamente. Boa noite.

E deixando um Nathan perdido, ela saiu do carro e desapareceu da visão dele. Como ele podia não se apaixonar por alguém como ela? Estava perdido e agora teria que atuar duas vezes, no show e na vida real. Pelo menos por enquanto.

Dia Seguinte

Stana acordara cedo essa manhã. Passara parte da noite decorando seus textos e ensaiando a reação de Kate ao pedido de casamento. Tomou um suco de laranja e comeu torradas. Optou por ir caminhando novamente para o trabalho porque assim teria tempo de pensar no seu papel ao filmar essas cenas hoje com Nathan além de refletir sobre essa volta ao trabalho que se mostrara bastante interessante.

Caminhava pelas ruas de Los Angeles tranquilamente com os fones de ouvido conectados ao seu iphone. Ela tinha duas dúvidas em mente. A primeira era o comportamento de Nathan. Não que ele não fosse brincalhão e se dessem bem durante as filmagens ou no tempo que passavam trabalhando juntos. Davam altas risadas e tinham momentos muito divertidos de implicância entre eles. Claro que entre ela e ele havia um certo respeito imposto pelos dois porém a distância que criaram durante a quarta temporada da série parecia ter desaparecido aos poucos a medida que os episódios exigiam deles uma proximidade maior. A união de Castle e Beckett foi o ponto de partida para a aproximação maior deles.

Ensaiavam muito mais, passavam textos e treinavam as cenas de beijos, não que se beijassem muito a ponto que exigisse deles um algo mais. Na verdade, ela tinha percebido que Nathan se sentia desconfortável com as cenas de beijo. Talvez pelo efeito que a cena de Always provocara em ambos. Era uma daquelas histórias guardadas a sete chaves. Apenas eles, Terri, Andrew e Rob sabiam do que acontecera. Apenas eles no set, o próprio Rob comandava a câmera. Ela lembrava de ter emoções misturadas ao ler o script. Era tudo o que ela queria que acontecesse na série porém da mesma forma que Marlowe conversava com eles quanto a cena de hoje, ele o fizera para Always.

Ele pedira deles emoção e verdade. A explicação que dera para Stana fora uma só: Kate quase perdeu a vida e tudo o que ela pensa nesse exato momento é mostrar a Castle o quanto ela precisa dele, o quanto ela o quer. Com isso, não teve dúvidas, ela partiria para Castle como se essa fosse sua última chance. Seu medo era a reação de Nathan à forma como ela se mostraria. Claro que eles conversaram antes, tentaram coreografar o que faziam, algo como você vai para a direita, eu pra esquerda, coisas que ela sabia não funcionar com a emoção da cena. Temia que ele não se sentisse confortável e eles acabassem filmando a mesma cena por várias vezes apenas por não conseguirem se acertar ou parecerem verdadeiros. Não fora nada do que acontecera no fim.

Stana lembrava como se fosse ontem o dia da gravação. Era por volta das oito da noite, estavam apenas o grupo seleto no cenário do loft de Castle. Enquanto Nathan estava discutindo os últimos ajustes com Rob, ela passava por um último acerto de maquiagem e cabelo para protagonizar a cena com os mesmos molhados. Recitava mentalmente suas falas procurando usa-las para se acalmar. Dez minutos depois, eles estavam a postos para iniciar. Batidas na porta e a magia aconteceu.

Até os primeiros instantes da cena, tudo ia bem. Então, quando Kate avançou para beija-lo após dizer “I just want you”, a coisa tomou outras proporções. Ela fora com sede ao pote, com a boca aberta para devora-lo e ele recebeu-a com a mesma intensidade, nada de direita ou esquerda, eles se conectaram como deveriam. O problema fora o cenário que por não haver apoio, eles acabaram derrubando objetos de cena fazendo Marlowe parar a ação. Ambos estavam sem fôlego. A impressão era de que a vontade de concretizar o romance era tão grande que eles se precipitaram. Rob voltou a conversar com eles. A direção de cena estava bem clara quando Stana avançasse para beija-lo, ele a impediria a fim de empurra-la na porta.  De comum acordo com Nathan, ela aprovou. Daí, na repetição da cena, foi a vez de Stana se surpreender com a pegada dele. A forma como ele a jogara na porta fora um surpresa e por mais que tivesse ciente de tudo o que aconteceria pelo script, as sensações oriundas do toque dele a invadiram. Sentir os lábios devorando seu pescoço, buscando a boca, ela o puxava contra si e de repente, sentiu o toque dos lábios entre seus seios. Naquele instante, ela sentiu o poder que tinha sobre ela, o impacto da cena a ponto de Stana sentir a umidade formar-se em seu centro. Tudo parecia muito real e naquele momento, para ela, não eram Castle e Beckett. Ali estavam Nathan e Stana. Fizeram a cena pelo menos três vezes e por não conseguirem diminuir a intensidade e a reação que ambos exerciam contra o outro, essa cena está marcada como um dos erros mais visíveis de continuidade na história de Castle. Infelizmente, não podiam exibir seu conteúdo completo devido a restrição de minutos e a edição acabou por ser responsável em privar o público de uma demonstração caliente de sentimentos entre eles. Essa história, Stana não revelaria a ninguém. Nem sob tortura.

Apenas de lembrar do clima da cena, ela sentia a respiração mudar. O corpo falar. Talvez por essa explosão eles de certa forma começaram a pegar leve nas carícias e nos beijos trocados durante a última temporada. Ela percebeu o quanto aquela cena de Always o afetou também. Porém, com a proximidade do fim da temporada, Stana sentiu uma mudança no jeito dele com ela a partir de “The Squab and the Quail”, então veio Still e Watershed. Algo mudara, mas o que?

Era esse não saber que a deixava um pouco preocupada com a cena que gravaria essa tarde. Será que vamos ter algum problema? Ela esperava que não. Já cruzava as portas do estúdio quando viu Nathan saindo do seu carro e caminhando rumo à entrada. Pensou em mexer com ele mas podia ser demais. Logo estariam atuando juntos e essa cena seria para ela uma espécie de teste, de momento da verdade.

Nathan sumira rapidamente da sua visão e a primeira pessoa que avistou no estúdio foi Luke.

- Olá, minha detetive favorita! Pronta para aquela sessão para recuperar suas madeixas?

- Me dê uma caneca de café e sou toda sua.

- Alguém disse café? – era Nathan que surgira ao seu lado com uma caneca extremamente cheirosa. Entregou a ela.

- Adoraria passar a manhã com você mas é Beth quem vai ficar. Tenho um compromisso com esse rapaz aqui. Alguns ajustes de figurino. Perdeu uns quilinhos – piscou para ela.

- Tudo bem, divirtam-se. Bebericando o café, ela rumou para a área de cabelo e maquiagem. Antes do meio-dia, ela já estava com cabelos compridos. Almoçou rapidamente uma porção de salada e voltara à maquiagem. Por volta das duas da tarde, ela e Nathan deixaram o estúdio para a praça cinematográfica onde a cena seria gravada.

Por volta de quinze minutos, os dois conversaram com Rob sobre a cena que iam filmar. Quando todos estavam prontos, tomaram suas posições de onde pararam. Ela sentada no balanço e ele de joelhos estendendo um anel a ela. Ao sinal de “ação”, a cena criou vida e tudo foi perfeito, na verdade mais que perfeito. A atuação de Stana, as palavras e a reação de Nathan e quando o momento do beijo chegou, a química entre eles ressurgiu.

O beijo entre eles apesar de não ter exageros como em Always, foi intenso. Stana voltou a sentir os efeitos do ato em seu corpo, a pele arrepiou-se quando a língua dele roçou a sua, fazendo-a repetir o gesto com mais vontade. Do momento que se separaram, ela pode ver o brilho nos olhos dele enquanto buscava por ar. Ela manteve o olhar fixo no dele e percebeu que ele não fugira disso. Ao ouvirem “corta” e “excelente”, ainda estavam olhando um para o outro. A pergunta que se fazia silenciosa na mente dela era: o que foi isso? Infelizmente, eles não tiveram tempo de conversar. Voltaram ao estúdio e continuaram gravando outras cenas, dessa vez separados e já nas suas “novas fases” de vida.

Stana terminara de filmar por volta das oito da noite, fizera uma sequência de cenas para a parte em DC do episódio. Estava cansada mas não esquecera a cena que gravara mais cedo com Nathan. Depois que voltaram ao estúdio não o vira mais. Pensou em fazer uma parada em algum lugar para comer mas desistiu. Amanhã ela gravaria outras cenas mais íntimas com ele e se o que aconteceu hoje se repetisse, ela certamente ia querer conversar com ele.                

De volta ao studio na nova manhã, Stana tinha várias cenas externas com Lisa Edelstein, estava adorando contracenar com ela. Antes, porém fariam uma cena no cenário de escritorio montado em um das várias locações do Raleigh Studios. Stana dirigiu-se primeiramente a sala dos roteiristas em busca de café onde encontrou Lisa.

- Bom dia, Lisa!

- Hey, bom dia. Pronta pra mais uma aventura comigo? Tome um café.Nathan deixou alguns muffins e bear claws por aqui.

- Ele já chegou?

- Sim, filmava cedo com Jon e Seamus.

Stana sentou-se com ela e tomaram café juntas. Logo, um dos assistentes do diretor veio chama-las para gravarem. Durante cinco horas seguidas, elas fizeram externas parando apenas curtos intervalos para beber alguma coisa e almoçar. Por volta das quatro da tarde, elas voltaram para o estúdio. O dia para Lisa terminara porém Stana voltaria a gravar as cenas com Nathan. Assim que pisou no local, foi chamada para pegar seu figurino das próximas cenas que faria. Não o viu até o momento de começarem a gravar, o dia para ele tinha sido corrido também. Mesmo assim, ele chegou ao local com duas canecas de café, para ele e ela.

- Trouxe café para nos prepararmos. Quer ensaiar primeiro não?

- Sim, melhor passarmos o texto.

- Você parece cansada, as filmagens foram puxadas?

- Sim, eu e Lisa corremos bastante. Mas o dia ainda não terminou, certo? Agora é a nossa vez.

Eles passaram o texto e trocaram ideias de como podiam melhorar o aproveitamento dos dois na cena dando a sensação de clima e romance. Sim, as cenas que filmariam eram puramente assim. Em seguida, ouviram o diretor. Devidamente alinhados, era hora de gravar e mais uma vez Stana foi surpreendida por um novo Nathan. Os beijos contracenados eram de longe os melhores que já trocaram exceto pelo de Always. Um deles, aquele que caracteriza o reencontro deles após a turnê de Castle, foi novamente fora do contexto que ela estava acostumada. Ela testou e ele respondeu. Além de demorado, sentiu a língua dele passeando no interior da boca procurando pela dela. Certamente que aproveitou o momento apesar de confusa. Quando se separaram, ela tornou a perceber o brilho diferente no olhar dele. A cena fluiu com tamanha naturalidade que quem os observasse veria não atores atuando e sim um casal romântico e apaixonado. Rob percebeu isso, tanto que nem precisou de mais uma tomada para a cena. Mesmo Terri que fugira da sala dos roteiristas para dar uma espiada nas gravações percebeu a dinâmica diferente entre eles.

Mais duas cenas se seguiram, dessa vez erraram falas e cometeram erros de posicionamento caindo em gargalhadas, mas a mesma interação estava lá. Na última cena da noite, aquela envolvendo um beijo no pescoço, deveria acontecer da seguinte maneira: Nathan chega por trás e abraça Stana que prepara o café da manha,nesse caso fazia panquecas, de costas para o balcão. Ele beija sua nuca e diz sua fala para então ela virar-se e cumprimenta-lo com um beijo simples. Não foi assim que o fato aconteceu.

A cena começou com Nathan aproximando-se dela, abraçando-a carinhosamente por trás. O beijo na nuca fez Stana se arrepiar, ela solta um gemido prazeroso que não estava no script mas que acabara contribuindo para a cena. O problema foi a próxima fala de Nathan. Ele praticamente sussurrou as palavras ao ouvido dela deixando os lábios roçarem levemente na pele dela e o beijo que era para ser um selinho singelo ao qual estavam acostumados, se transformou em questão de segundos.

Stana virou o rosto buscando os lábios de Nathan e sentiu os braços dele a envolverem trazendo seu corpo ainda mais próximo do dele enquanto se perdiam nos lábios um do outro, esquecendo de todo o resto. Vendo que a cena saíra do planejado,Rob intercedeu.

- Corta! - eles não ouviram - corta, corta! Pessoal, não era assim que a cena deveria acontecer.

Os dois se largaram e se entreolharam. Definitivamente perderam o controle e pior, ambos estavam surpresos pelo que fizeram. Mas Nathan estava em condições mais complicadas mesmo assim,não se arrependera. Vendo a agonia dele para disfarçar, Rob falou.

- Vamos fazer uma pausa, tomar um café, água. Retornamos em dez minutos e conversaremos sobre o que exatamente deve ser feito nesta cena. Vão, vão! - olhando para os lados, ele tirou esses minutos para também se preparar para dizer a eles o que fazer. Hoje algo não estava normal com esses dois. Aliás desde que voltaram eles apresentavam mudanças ainda que sutis em seu modo de atuar.

Stana fechou a porta do banheiro atrás de si. Fechou os olhos. Concentração, precisava de concentração. Mas tudo o que lhe vinha à mente eram os lábios de Nathan, os braços dele a envolvendo bem diferente das outras vezes quando sempre tentavam manter uma determinada distância. O sussurro ao ouvido,quente. Não! Respirara fundo. Não podia ficar se torturando com isso. Eles tinham que ser profissionais, terminar as gravações e ir cada uma para seu canto.

Esquecer tudo.

O que você está dizendo,Stana? Esquecer... E quanto ao dia seguinte, a próxima cena com intimidade, como seria encara-lo sem entender porque agiram desse jeito? Estava confusa. Porém, uma coisa era certa. Precisava de uma explicação dele, mais, necessitava compreender o que acontecia com ela também. Mordiscou o lábio inferior e franziu o cenho, sinal característico de apreensão. Stana não queria enfrentar a realidade,fazer isso era admitir que o sentimento existia. Negação, essa era a primeira etapa da aceitação, por hora era assim que ela pretendia continuar. Já recomposta, ela suspirou olhando para o espelho antes de sair e um único pensamento lhe ocorreu: será que Nathan estava passando pelo mesmo turbilhão desconhecido que ela?    

No banheiro masculino, a situação também era tensa. Ele fazia de tudo para se acalmar e se recompor. Não podia retornar à cena ainda demonstrando descontrole ou mesmo em uma condição embaraçosa para os dois. Nathan reconhecia que passara dos limites e se maldizia por isso. O que ela pensaria dele? Como não deveria estar se sentindo? Por um deslize, ele podia destruir tudo. Anular qualquer chance de mostrar quem ele era, o que buscava e principalmente perderia qualquer oportunidade de conquista-la.

- Droga, droga! Por que você não resistiu aqueles lábios, aquela pele!

Nathan sabia que uma vez assustada, Stana era capaz de se afastar e viver numa concha. Reclusa e apenas profissional o bastante para acabarem se tolerando pelos corredores. Isso seria um pesadelo. Não podia deixar isso acontecer. Ele tinha que agir, tinha que se desculpar. Passou a mão no rosto e cheio de coragem para encara-la novamente, ele voltou ao estúdio.

Rob os esperava para repassar as instruções e dessa vez, gravarem sem maiores percalços. Ele conversou com eles e ambos demonstram respeito e dedicam atenção. Recuperados, eles partem para uma nova tentativa. E contrariando tudo, eles atuaram como deveriam. Ao final da filmagem, Rob agradeceu a eles e deu a noite por encerrada.

- Obrigado, pessoal. Encerramos por hoje. Boa noite, dirijam com cuidado vocês dois.

Eles sorriam e se despediram de Rob. Então, restaram apenas os dois. Porém, contrariando o que ele esperava, Stana parecia estar bem diante de tudo o que acontecera a pouco. Parecer não é o mesmo que estar,pensou. De qualquer maneira, ele queria desculpar-se com ela, não tinha a intenção de deixa-la com a imagem errada dele.

- Stana, olha eu queria sua atenção por um minuto. Quero me desculpar – ele conseguira ter os olhos dela fixos nele - Aquilo, na cena foi errado, inapropriado. Desculpe. Não quero que fique com a impressão de que eu forcei ou ultrapassei limites e...

- Nathan, o que está acontecendo?

- Eu só estou me desculpando, não quero que o que se passou hoje à noite afete o nosso... – ela o interrompeu segurando em seu braço. Seus olhos mostravam determinação, mas não havia traços de raiva ou decepção. Ele vira apenas uma grande interrogação em sua expressão. 

- Falo sério, Nathan. Precisamos saber exatamente o que aconteceu conosco hoje. De verdade, precisamos conversar.     

Continua....